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As pirâmides revolucionárias - Thunder Dellú

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Título: As Pirâmides Revolucionárias

Autor: Thunder Dellú

Gênero literário: Romance 

Ano da 1.ª edição: 2019

Formato: 14,5X21 cm

Número de páginas: 396

ISBN: 978-85-69708-46-9

 

Prefácio:

Um alfinete na jaqueta, uma guitarra na mão e uma bomba na cabeça

Para mim e para grande parte dos habitantes do planeta Terra, o rock’n’roll foi, é e sempre será a trilha sonora perfeita para as bem-vindas e necessárias revoluções juvenis. É o estilo musical que, inclusive, serve de pano de fundo para as loucas e surpreendentes aventuras narradas neste livro. Quando eu era garoto, nos distantes anos setenta, entrei de cabeça feita e personalidade forte na roda punk quando escutei Ramones e Sex Pistols pela primeira vez. Depois, já nos anos noventa, como uma avalanche desenfreada, veio o grunge. Quando os primeiros acordes de “Smells like teen spirit”, do Nirvana, ecoaram pelos quatro cantos do planeta, ninguém imaginava o que estava por vir. O rock alternativo e independente virou pauta por todo o mundo e as bandas e cenas começaram a eclodir em rincões inimagináveis. Esse espírito romântico e empreendedor colocou o Vale do Paraíba no mapa, seguindo os passos de Seattle, a cidade norte- americana praticamente desconhecida que repentinamente se tornou o centro do mundo da música pop mundial. Foi nessa época que conheci o músico que mais tarde viria a se tornar escritor, o Thunder Dellú. Isso aconteceu no exato momento em que a cena underground do Vale do Paraíba começou a cavar com suas próprias mãos o disputado espaço no cenário independente nacional. Época  das  demotapes  em fitas  cassete e  dos  primeiros  CD’s  de bandas  como Daizy Down, Elegia, Jerks, Indigentes, Ufa!4, Mary Help e Máquina P.E.L.U.D.A. (que é uma sigla cujas iniciais significam “Projeto Existencial de Libertação dos Ultrajados e Defesa dos Alterados), a primeira banda de punk rock do Thunder. Foi nesse período também que nasceu o icônico e necessário Posso! Skate Bar, em Caçapava, espaço onde estas e outras bandas locais puderam dividir o palco com grupos consagrados na cena punk brasileira como Inocentes, Garotos Podres, Olho Seco e Cólera, dentre muitas outras.

O primeiro show do Inocentes por lá foi literalmente no chão, numa Posso! Skate Bar lotada de um público ensandecido e pronto para queimar a testosterona e não deixar pedra sobre pedra. O lugar era simplesmente um dos melhores ambientes para se tocar sons alternativos e fora da mídia dita “oficial”.

Os Inocentes se apresentaram por lá em todas as fases de sua existência, saindo do chão para o palco interno e chegando aos limites do palco externo, sempre com shows memoráveis e disputados. E lá, via de regra, estava o Thunder. Com sua banda Máquina P.E.L.U.D.A. e canções simples e marcantes como “Você é Uma Árvore”, o cara se tornou um grande amigo e parceiro. Com o passar dos anos, outras casas de show surgiram, aquecendo ainda mais a fervilhante cena do Vale. O Estúdio Hocus Pocus, em São José dos Campos, que, aliás, funciona até os dias de hoje, foi outro local marcante e atuante na cena underground local. Lá também rolaram shows antológicos dos Inocentes com o auxílio luxuoso do Reatores na abertura, a banda “nova” do irredutível Thunder Dellú, que desfilava canções ácidas e bem humoradas como o “Nazistas tomam sol”, “Satanás adorou o Vaticano” e a pura e marcante poesia de “Pássaros Nucleares”.

Foi uma época boa, promissora e, como tantas anteriores, passou. Mas a vida continuou e a chama independente da região continuou acesa. Os Inocentes tocaram em 2017 no Estúdio Hocus Pocus e foi a primeira vez que não tivemos a ilustre companhia do Reatores. Mesmo assim, o incansável Thunder Dellú estava lá. Atualmente o amigo com quem eu dividia os palcos se envereda pelos caminhos da literatura. Eu que já o acompanhava desde a época dos quadrinhos infantis e ciente das mais de sessenta letras escritas para os quatro CD’s das suas duas bandas, achei que era o caminho natural a se tomar. Confesso que fiquei emocionado quando ele me convidou para escrever o prefácio de seu primeiro romance  intitulado  “As  pirâmides  revolucionárias”.  Foi  como  revisitar  um período tão especial para a gente e para o rock alternativo, onde tudo foi feito com amor, paixão e a mais tenra ingenuidade. Todo o processo de escrever este prefácio me deixou com lágrimas nos olhos. Espero que este livro, recheado de punks, hippies e discos voadores, traga para você, leitor, o mesmo espírito de liberdade e esperança que nos levou a construir mais pontes do que muros e cujas amizades firmadas durante o processo duram até hoje. A inspiração continua. As revoluções juvenis também. Não tem como não dar certo.

 

São Paulo, 19 de fevereiro de 2019

 

Clemente Tadeu Nascimento

Letrista, vocalista e guitarrista das bandas Inocentes e Plebe Rude

 

Orelha:

Os movimentos estudantis de fins dos anos sessenta abriram a era da rebeldia juvenil contra o sistema capitalista. No contexto brasileiro, a onda teve especial importância porque o governo ditatorial comprimiu a vida até meados da década de 80 e, como a mola que depois de forçada a se comprimir se expande brusca e violentamente, os movimentos de contestação e rebeldia tomaram diferentes facetas. Os anos oitenta, após a redemocratização, ofereceram oportunidades de extravasar e negar os sistemas ou de se integrar totalmente a uma nova era.

Todas essas discussões se fazem presentes, ora de maneira mais explícita ora de forma mais sutil, no primeiro romance de Thunder Dellú, As pirâmides revolucionárias.

Nessa narrativa que se inicia na remota cidade de Monteiro Lobato, perpassa a sonhadora e  histórica Ouro Preto e chega à mística e onírica São Thomé das Letras, os jovens Cecília e Stanley, com o cachorro Pirulito e o sósia do maluco beleza, o palhaço Saul Reixas, representam a intensidade e a pulsão da juventude, que encontrou na música a resistência às formas pasteurizadas de vida. Assim, o rock, o punk, o heavy-metal, para além de estilos musicais, tornam-se filosofias de vida.

As canções e discos que motivaram diversos jovens a dizerem com pulmões repletos de convicções um intenso “não” aos regimes totalitários, incluindo o capitalismo, emergem entremeados a temas relacionados à religiosidade, à relação entre pais e filhos, às formas essenciais da vida. E, sobretudo, surgem, com novo fôlego, a paisagem e a cultura vale-paraibanas, sem estereótipos ou idealizações. É que a linguagem fluente do livro traz comparações inusitadas e frases cortantes que misturam o cotidiano a um quase romantismo e unem o regionalismo vale-paraibano ao mundo cult do punk, da MPB e do cinema.

Esta Pirâmide, livro produzido com esmero e independência, acolhe também os sortilégios dos maias e astecas; a curiosidade do caminho que leva São Thomé das Letras a Macchu Picchu e a subjetividade que a arte e as formas extraterrenas despertam. Sobretudo, este romance é mostra de uma literatura de um autor que cresce a cada nova produção.

Em suma, a viagem para as Pirâmides Revolucionárias é de descoberta para os jovens protagonistas. Ao mesmo tempo, passeio pela presença da boa música dos anos 60, 70 e 80. É também oportunidade de reviver tempos de euforia e incertezas. A viagem é, enfim, uma obra "pé na estrada", criativa e estimulante principalmente aos jovens de todas as idades. Que cada um de nós encontre sua pirâmide.

Robson Hasmann, escritor, professor do IFSP e doutor em Letras (FFLCH - USP)

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